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Transtorno de Personalidade Borderline: o que é e como reconhecer

  • Foto do escritor: Juliana Pagliari
    Juliana Pagliari
  • 30 de set. de 2024
  • 4 min de leitura


O Transtorno de Personalidade Borderline (TPB) é um distúrbio psicológico complexo, muitas vezes mal compreendido, que afeta profundamente a forma como a pessoa pensa e se relaciona com o mundo ao seu redor. Também conhecido como Transtorno de Personalidade Limítrofe, ele pode trazer grande sofrimento emocional, tanto para quem vive com ele quanto para aqueles ao seu redor. Mas o que exatamente é o TPB, e como podemos reconhecer seus sinais?


O que é o Transtorno de Personalidade Borderline?


O TPB é um transtorno caracterizado por uma instabilidade emocional intensa, dificuldade em manter relacionamentos estáveis e uma percepção distorcida de si mesmo. As pessoas com esse transtorno tendem a ter emoções muito intensas que podem mudar rapidamente, passando de euforia para tristeza profunda em questão de minutos ou horas. Elas frequentemente têm uma visão instável de quem são, o que afeta sua autoestima e decisões.

Embora não haja uma única causa clara para o desenvolvimento do TPB, estudos indicam que fatores genéticos, experiências traumáticas, como abusos ou negligência na infância, e desequilíbrios químicos no cérebro podem contribuir para o aparecimento desse transtorno.



Sinais e Sintomas do Transtorno de Personalidade Borderline


Os principais sintomas do TPB podem variar de pessoa para pessoa, mas, de acordo com o Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais (DSM-5), algumas características comuns incluem:

  1. Instabilidade Emocional: Mudanças rápidas e intensas no humor são características marcantes. Uma pessoa pode se sentir feliz e confiante em um momento e, logo em seguida, sentir raiva, tristeza ou vazio.

  2. Medo de Abandono: Pessoas com TPB costumam ter um medo extremo de serem abandonadas, o que pode levar a comportamentos desesperados para evitar a rejeição, como se apegar demais ou, paradoxalmente, afastar quem está próximo.

  3. Relações Instáveis: Os relacionamentos tendem a ser intensos e tempestuosos. Quem tem TPB pode idealizar alguém num momento e, logo em seguida, sentir que essa pessoa é indiferente ou que a está "traindo".

  4. Autoimagem Instável: A pessoa pode ter uma visão muito confusa ou negativa de si mesma, com mudanças bruscas em sua autoestima, comportamento e identidade. É comum que não saibam "quem realmente são".

  5. Comportamentos Impulsivos: A impulsividade pode se manifestar em comportamentos arriscados, como gastos excessivos, sexo sem proteção, abuso de substâncias ou dirigir de maneira imprudente.

  6. Autoagressão e Comportamentos Suicidas: A automutilação e ameaças ou tentativas de suicídio são sinais alarmantes do TPB. Essas ações podem ser uma forma de expressar dor emocional ou de lidar com sentimentos intensos.

  7. Sensação de Vazio: Muitas pessoas com TPB relatam uma sensação crônica de vazio, como se estivessem sempre insatisfeitas ou sem propósito.

  8. Raiva Intensa e Inapropriada: Explosões de raiva desproporcionais à situação, muitas vezes seguidas de arrependimento, são comuns.

  9. Dissociação ou Paranoia: Sob estresse, a pessoa pode se sentir desconectada da realidade (dissociação) ou desenvolver uma paranoia temporária.



Causas e Fatores de Risco


O TPB não é causado por um único fator, mas sim por uma combinação de predisposição genética e experiências de vida, especialmente traumas. Algumas possíveis causas e fatores de risco incluem:

  • Histórico de Trauma: Abuso físico, emocional ou sexual na infância é um fator comum em muitas pessoas com TPB.

  • Fatores Genéticos: Estudos mostram que parentes de primeiro grau de pessoas com TPB têm mais chances de desenvolver o transtorno.

  • Desregulação Química no Cérebro: Problemas com neurotransmissores, especialmente serotonina, podem estar relacionados às mudanças de humor e à impulsividade características do TPB.



Diagnóstico e Tratamento


O diagnóstico de TPB é feito por um profissional de saúde mental, como psicólogo ou psiquiatra, com base em uma avaliação clínica dos sintomas. É importante lembrar que esse transtorno pode ser confundido com outros problemas, como depressão ou transtorno bipolar, o que torna o diagnóstico preciso fundamental para o tratamento adequado.

O tratamento para o TPB envolve uma combinação de psicoterapia, medicação (quando necessário) e apoio social. A Terapia Comportamental Dialética (TCD) é uma das abordagens mais eficazes para tratar o TPB. Ela ensina habilidades para controlar as emoções intensas, melhorar os relacionamentos interpessoais e reduzir comportamentos autodestrutivos.



Psicoterapia para o TPB


A psicoterapia é o pilar do tratamento para o TPB. Algumas abordagens terapêuticas que têm demonstrado eficácia incluem:

  • Terapia Comportamental Dialética (TCD): Desenvolvida especificamente para o TPB, a TCD ajuda a pessoa a regular emoções, desenvolver habilidades de enfrentamento e melhorar suas relações interpessoais.

  • Terapia Cognitivo-Comportamental (TCC): Ajuda a identificar e modificar pensamentos disfuncionais que contribuem para os sintomas do TPB.

  • Terapia Focada no Esquema: Trabalha padrões profundos e crenças enraizadas, muitas vezes relacionadas a traumas de infância.



Vivendo com o TPB


Embora o Transtorno de Personalidade Borderline seja desafiador, é possível viver uma vida plena e satisfatória com o tratamento adequado. O apoio de familiares e amigos, junto com o tratamento contínuo, pode fazer uma grande diferença no bem-estar da pessoa. Com o tempo, muitos pacientes aprendem a controlar melhor suas emoções e comportamentos, construindo relacionamentos mais saudáveis e estáveis.




Conclusão




O Transtorno de Personalidade Borderline é uma condição que afeta milhões de pessoas em todo o mundo. Embora os sintomas possam ser intensos e debilitantes, o TPB não é uma sentença definitiva. Com o tratamento adequado, como a terapia comportamental dialética e o suporte de uma rede de apoio, as pessoas com TPB podem aprender a gerenciar seus sintomas e viver uma vida mais equilibrada e gratificante. Se você ou alguém que conhece está lutando com esses sintomas, é importante buscar a ajuda de um profissional de saúde mental.

 
 
 

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Juliana Pagliari, Psicóloga CRP 12/24071. © 2025 Todos os direitos reservados. 

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